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luz

22 junho 2008

Notando diferenças


Novos tempos, novos conceitos! Festas estão pipocando por aqui pelo Nordeste e eu meio alheio, como sempre, às comemorações festivas. Como estou de malas prontas para o São João, não sobrou tempo de produzir textos, mas segue uma poesia de Veríssimo.

O rouge virou blush,
O pó-de-arroz virou pó-compacto,
O brilho virou gloss,
O rímel virou máscara incolor;
A Lycra virou stretch,
Anabela virou plataforma;
O corpete virou porta-seios ...
Que virou sutiã ...
Que virou lib ...
Que virou silicone!
A peruca virou aplique ... interlace ... Megahair ... Alongamento!
A escova virou chapinha,
'Problemas de moça' viraram TPM;
Confete virou MM;
A crise de nervos virou estresse,
A chita virou viscose,
A purpurina virou gliter,
A brilhantina virou mousse...

Os halteres viraram bomba,
A ergométrica virou spinning,
A tanga virou fio dental...
. . . E o fio dental virou anti-séptico bucal

Ninguém mais vê:
Ping-Pong porque virou Babaloo,
O à-la-carte porque virou self-service,
A tristeza porque agora é depressão,
O espaguete porque virou Miojo pronto,
A paquera porque virou pegação,
A gafieira porque virou dança de salão,
O que era praça virou shopping,
A areia virou ringue,
A caneta virou teclado,
O long play virou CD,
A fita de vídeo é DVD,
O CD já é MP3,
É um filho onde éramos seis,
O álbum de fotos agora é mostrado por e-mail,
O namoro agora é virtual,
A cantada virou torpedo,
E do 'não' não se tem medo,
O break virou street,
O samba, pagode
O carnaval de rua virou Sapucaí,
O folclore brasileiro, halloween
O piano agora é teclado, também...
O forró de sanfona ficou eletrônico,
Fortificante não é mais Biotônico,
Bicicleta virou Bis,
Polícia e ladrão virou counter strike,
Folhetins são novelas de TV,
Fauna e flora a desaparecer,
Lobato virou Paulo Coelho,
Caetano virou um chato,
Baby se converteu,
RPM desapareceu,
Elis ressuscitou em Maria Rita?
Gal virou fênix,
Raul e Renato,
Cássia e Cazuza,
Lennon e Elvis,
Todos anjos
Agora só tocam lira...
A AIDS virou gripe,
A bala antes encontrada agora é perdida,
A violência está coisa maldita!
A maconha é calmante,
O professor é agora o facilitador,
As lições já não importam mais,
A guerra superou a paz,
E a sociedade ficou incapaz...
... De tudo.
. . . Inclusive de notar essas diferenças.

Texto de Luiz Fernando Veríssimo.

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