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01 junho 2008

Entendendo de gente


Como estou estudando para enfrentar dois concursos públicos, não tive tempo de escrever hoje. Estou juntando dados sobre a concentração de renda no mundo e a crise de alimentos. Pretendo ainda abordar em artigos as catástrofes naturais, as matrizes energéticas e voltar a fazer comparações de preços do Brasil com outros países. Enquanto isso, proponho uma leitura divertida e esclarecedora sobre relações no trabalho. O texto é uma pérola de Max Gehringer, comentarista da Rádio CBN e articulista da Revista Época. Mais uma contribuição de Dulcélia. Veja ainda: lista de publicações e um resumo curricular do autor no final do texto.

TAGS.: RELAÇÕES HUMANAS / AMBIENTE CORPORATIVO / CARREIRA PROFISSIONAL


Max Gehringer*

Durante minha vida profissional, eu topei com algumas figuras cujo sucesso surpreende muita gente. Figuras sem um vistoso currículo acadêmico, sem um grande diferencial técnico, sem muito networking ou marketing pessoal. Figuras como o Raul. Eu conheço o Raul desde os tempos da faculdade. Na época, nós tínhamos um colega de classe, o Pena, que era um gênio. Na hora de fazer um trabalho em grupo, todos nós queríamos cair no grupo do Pena, porque o Pena fazia tudo sozinho. Ele escolhia o tema, pesquisava os livros, redigia muito bem e ainda desenhava a capa do trabalho - com tinta nanquim. Já o Raul nem dava palpite. Ficava ali num canto, dizendo que seu papel no grupo era um só, apoiar o Pena. Qualquer coisa que o Pena precisasse, o Raul já estava providenciando, antes que o Pena concluísse a frase. Deu no que deu. O Pena se formou em primeiro lugar na nossa turma. E o resto de nós passou meio na carona do Pena que, além de nos dar uma colher de chá nos trabalhos, ainda permitia que a gente colasse dele nas provas. No dia da formatura, o diretor da escola chamou o Pena de 'paradigma do estudante que enobrece esta instituição de ensino'. E o Raul ali, na terceira fila, só aplaudindo. Dez anos depois, o Pena era a estrela da área de planejamento de uma multinacional. Brilhante como sempre, ele fazia admiráveis projeções estratégicas de cinco e dez anos. E quem era o chefe do Pena? O Raul. E como é que o Raul tinha conseguido chegar àquela posição? Ninguém na Empresa sabia explicar direito. O Raul vivia repetindo que tinha subordinados melhores do que ele, e ninguém ali parecia discordar de tal afirmação. Além disso, o Raul continuava a fazer o que fazia na escola, ele apoiava. Alguém tinha um problema? Era só falar com o Raul que o Raul dava um jeito. Meu último contato com o Raul foi há um ano. Ele havia sido transferido para Miami, onde fica a sede da empresa. Quando conversou comigo, o Raul disse que havia ficado surpreso com o convite. Porque, ali na matriz, o mais burrinho já tinha sido astronauta. E eu perguntei ao Raul qual era a função dele. Pergunta inócua, porque eu já sabia a resposta. O Raul apoiava. Direcionava daqui, facilitava dali, essas coisas que, na teoria, ninguém precisaria mandar um brasileiro até Miami para fazer. Foi quando, num evento em São Paulo, eu conheci o Vice-presidente de recursos humanos da empresa do Raul. E ele me contou que o Raul tinha uma habilidade de valor inestimável:... Ele entendia de gente. Entendia tanto que não se preocupava em ficar à sombra dos próprios subordinados para fazer com que eles se sentissem melhor, e fossem mais produtivos. E, para me explicar o Raul, o vice-presidente citou Samuel Butler, que eu não sei ao certo quem foi, mas que tem uma frase ótima: 'Qualquer tolo pode pintar um quadro, mas só um gênio consegue vendê-lo'. Essa era a habilidade aparentemente simples que o Raul tinha, de facilitar as relações entre as pessoas. Perto do Raul, todo comprador normal se sentia um expert, e todo pintor comum, um gênio. Essa era a principal competência dele. 'Há grandes Homens que fazem com que todos se sintam pequenos. Mas, o verdadeiro Grande Homem é aquele que faz com que todos se sintam Grandes'.


*Formado em Administração, pós graduado pela FGV, Max Gehringer é comentarista da Rádio CBN e articulista da Revista Época. Escolhido, em pesquisa do jornal Gazeta Mercantil, como um dos ”30 Executivos Mais Cobiçados do Mercado” em 1999, o escritor tem vários trabalhos publicados sobre relações inter-pessoais no dia-a-dia das grandes corporações. Em sua carreira, empresas e cargos de peso, como, presidente da Pepsi-Cola e da Pullman/Santista Alimentos, diretor comercial e industrial da Elma Chips, e diretor de Sistemas da Frito Lay nos Estados Unidos.

Livros Publicados:
”Relações Desumanas no Trabalho” - Editora Casa da Qualidade
”Comédia Corporativa” - Editora Campus
”Não Aborde Seu Chefe No Banheiro” - Editora Campus
”BigMax - Vocabulário Corporativo” - Editora Negócio
”O Melhor de Max Gehringer na CBN” - Editora Globo
”Máximas e Mínimas da Comédia Corporativa” - Editora Gente
”O Melhor de Mr. Max” - vols 1 e 2 - Editora Abril

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