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luz

02 dezembro 2007

:: RUPTURA ::

De Ievtushenko.

Deixei de amar: esse é o tedioso fim da nossa história,/ tão chato quanto é a vida, tão aborrecido quanto o túmulo./ Desculpa-me: romperei a corda desta canção de amor,/quebrarei o violão. Nada há para salvar.

Nosso cachorrinho está espantado. Nosso monstrinho peludo/ não entende porque complicamos assim coisas tão simples --/ choraminga na nossa porta e deixo-o entrar./ Sempre que ele arranha a sua porta, você o deixa entrar.

Cão, cãozinho sentimental, você vai é ficar doido/ correndo assim de um para o outro --/ você é jovem demais para entender uma idéia muito antiga:/ acabou, dançou, it’s over, kaput. Finis.

Dê uma de sentimental e você acabará representando/ o velho melodrama A Salvação do Amor./ “Perdão”, sussurramos, e esperamos um eco;/ mas nada retorna do silêncio acima de nós.

O melhor é salvar o amor desde o começo,/ evitando todos os apaixonados “nuncas” e “para sempres”;/ devíamos ter ouvido o que as rodas do trem gritavam:/ “Não façam promessas!” Promessas são alavancas.

Devíamos ter prestado atenção nos galhos quebrados,/ devíamos ter olhado para o céu enfumaçado,/ advertindo quanto às tolas pretensões dos amantes--/ quanto maior a esperança, maior a mentira.

Ternura verdadeira, no amor, significa permanecer sóbrio,/ sopesando cada elo da corrente que você tem de carregar./ Não prometa o céu a ela –sugira meio alqueire;/ não “até a morte” mas, pelo menos, até o ano que vem.

E não fique dizendo “Eu te amo, eu te amo” toda hora./ Essa frasezinha implica uma vida durável/ e, quando nos lembramos dela de novo, numa hora sem amor,/pode furar como um espinho, ou apunhalar como uma faca.

É por isso que nosso cãozinho, inteiramente confuso,/ anda de cá para lá, de uma porta para outra./ Não direi “me perdoe”. Pedirei perdão/ por uma coisa só: houve um tempo em que te amei.

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