cabeç

cabeç
luz

18 junho 2009

Não rasge seu diploma


Não muda nada com o enterro da exigência do diploma de jornalista — desejo do patronato, orquestrado pelos políticos, realizado pelo STF.


Não muda nada desde quando nunca existiu atuação dos representantes da categoria, a não ser em contratar estagiárias para confeccionar jornalzinhos feios e recolher a contribuição obrigatória de profissionais mal pagos que comem sardinha e arrotam caviar.


Mesmo quando tinha a salvaguarda da lei do diploma, nunca se ouviu falar em fiscalização, principalmente no interior, onde apadrinhados e dondocas dividem espaço com nobres colegas de formação.


Talvez o mais grave erro sindical tenha sido a inércia diante da violência, exploração, perseguição, manipulação, festival de abusos praticado por poderosos, o que resvala sobre a sociedade, negando-lhe o direito de estar informada e de se defender.


Isso acontece e continuará acontecendo durante milhões de ano, com diploma ou não. Nada poderemos fazer.


O sistema é mais bruto do que a decisão ligeiríssima do STF. A tal ponto que a contratação de pessoas sem formação acaba sendo menos prejudicial do que o festival de faculdades abertas em cada esquina das cidades e dos campos, resultando na enxurrada de maus profissionais despejados no mercado a cada instante.


Calma, não rasguemos nossos diplomas, ainda. Faculdade nenhuma emancipa ao pódio de bom profissional, um pobre mortal. Jornalista de verdade ou já nasce herói como o homem aranha e o super-homem (casos raros) ou se forma no embate entre as ondas e o rochedo. E esse bom combate é para poucos.

Não são criados espontaneamente em salas climatizadas de instituições privadas, nem nos gabinetes dos senhores secretários e presidentes. É nas vielas, nos bastidores sem holofotes, na lida com os factóides, nos becos sujos de sangue do tráfico, nos terrenos de desova de corpos humanos, nas trincheiras da sociedade, longe dos olhos dos clientes da Mcdonalds e da Richards.

Jornalista de verdade emerge como flor de lótus das fezes, das favelas, dos campos de concentração das metrópoles, nos botecos enlameados pelas enchentes. Bem longe dos três poderes, do Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional.

Voltamos ao tempo dos menestréis, peguemos nossos bandolins e cantemos a musa amada.


Fonte Foto

Nenhum comentário:

AVENTURAR-SE É PRECISO!

  CAVALEIRO DE PAUS (Fonte: personare.com.br) O Cavaleiro de Paus como arcano de conselho para este momento de sua vida sugere que é chegado...