O psicanalista e ensaísta britânico Adam Phillips tem opiniões bem originais sobre temas atuais. Fiz alguns grifos a partir de uma entrevista concedida à Revista Veja, na ocasião do lançamento da segunda tradução de alemão para inglês da obra de Sigmund Freud. Confira.
Necessidade de se mostrar - Na sociedade atual, existe uma enorme sensação de invisibilidade. Todo mundo acha que ficou de fora de algo, mas não sabe do que exatamente. É como se sempre houvesse uma festa imperdível em algum lugar e ninguém conseguisse encontrar o local.
Fama e dinheiro - Em nossa cultura, parece que há apenas dez pessoas que estão vivendo, as celebridades. O resto fica num nível muito mais baixo. A ideia de uma "vida boa" foi substituída pela de uma "vida a ser invejada". Esse estado de coisas deixa muita gente enfurecida e infeliz. É mais importante ser rico do que ter amigos íntimos, mais importante ser famoso do que amar. Isso é enlouquecedor. Estamos todos muito sós e famintos de contatos eróticos que sejam genuinamente criativos. A obsessão por beleza reflete a necessidade de ser amado e aceito.
Corpo sarado - A obsessão por dietas de emagrecimento e exercícios é uma nova versão do que Freud chamou de histeria. Mas, desde que ele escreveu sobre o assunto, as coisas pioraram. Todos devem estar se sentindo muito enfermos e vulneráveis para se preocupar de forma tão doentia com a saúde. Hoje as pessoas têm mais medo de morrer do que no passado. Há uma preocupação desmedida com envelhecimento, com acidentes e doenças, como se o mundo pudesse existir sem essas coisas.
Sexo - O sexo é outro assunto preocupante. Hoje todo mundo fala de sexo, mas ninguém diz nada interessante. É uma conversa estereotipada atrás da outra. Vemos exageros até com crianças, que aprendem danças sensuais e são expostas ao assunto muito cedo. Estamos cada vez mais infelizes e desesperados com o estilo de vida que levamos.
Depressão - Muitas pessoas conseguem suportar o mundo contemporâneo apenas num estado de depressão. Se não estivessem assim, ficariam enfurecidas e tentariam mudar o mundo. Hoje trabalhamos e produzimos numa velocidade que impede a reflexão sobre o significado de nossa vida. Estamos hipnotizados. Para muita gente é melhor estar quase morto que totalmente vibrante diante de uma situação difícil. A depressão funciona como como um escudo para evitar situações conflituosas. Na era da indústria do diagnóstico, nos consultórios, qualquer tristeza é chamada de depressão.
Fonte: aqui
Eu espero acontecimentos, só que, quando anoitece, a festa é num outro apartamento... (Marina Lima, por Kátia Borges)
Necessidade de se mostrar - Na sociedade atual, existe uma enorme sensação de invisibilidade. Todo mundo acha que ficou de fora de algo, mas não sabe do que exatamente. É como se sempre houvesse uma festa imperdível em algum lugar e ninguém conseguisse encontrar o local.
Fama e dinheiro - Em nossa cultura, parece que há apenas dez pessoas que estão vivendo, as celebridades. O resto fica num nível muito mais baixo. A ideia de uma "vida boa" foi substituída pela de uma "vida a ser invejada". Esse estado de coisas deixa muita gente enfurecida e infeliz. É mais importante ser rico do que ter amigos íntimos, mais importante ser famoso do que amar. Isso é enlouquecedor. Estamos todos muito sós e famintos de contatos eróticos que sejam genuinamente criativos. A obsessão por beleza reflete a necessidade de ser amado e aceito.
Corpo sarado - A obsessão por dietas de emagrecimento e exercícios é uma nova versão do que Freud chamou de histeria. Mas, desde que ele escreveu sobre o assunto, as coisas pioraram. Todos devem estar se sentindo muito enfermos e vulneráveis para se preocupar de forma tão doentia com a saúde. Hoje as pessoas têm mais medo de morrer do que no passado. Há uma preocupação desmedida com envelhecimento, com acidentes e doenças, como se o mundo pudesse existir sem essas coisas.
Sexo - O sexo é outro assunto preocupante. Hoje todo mundo fala de sexo, mas ninguém diz nada interessante. É uma conversa estereotipada atrás da outra. Vemos exageros até com crianças, que aprendem danças sensuais e são expostas ao assunto muito cedo. Estamos cada vez mais infelizes e desesperados com o estilo de vida que levamos.
Depressão - Muitas pessoas conseguem suportar o mundo contemporâneo apenas num estado de depressão. Se não estivessem assim, ficariam enfurecidas e tentariam mudar o mundo. Hoje trabalhamos e produzimos numa velocidade que impede a reflexão sobre o significado de nossa vida. Estamos hipnotizados. Para muita gente é melhor estar quase morto que totalmente vibrante diante de uma situação difícil. A depressão funciona como como um escudo para evitar situações conflituosas. Na era da indústria do diagnóstico, nos consultórios, qualquer tristeza é chamada de depressão.
Fonte: aqui
Eu espero acontecimentos, só que, quando anoitece, a festa é num outro apartamento... (Marina Lima, por Kátia Borges)
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