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27 novembro 2012

Como se livrar da maré de estupidez


homem medita a beira mar
Tenho visto a decadência do bom senso no trânsito, nas relações de vizinhança, em muitas situações no trabalho. Acredito na meditação, na alimentação correta, no poder da humildade e na evolução espiritual.

A Terra está passando por uma transição na qual energias novas colocam em xeque as por milênios aqui instaladas. Quando antigos valores estão desaparecendo, sobretudo nas metrópoles, atitudes civilizadas estão perdendo forças, comprometendo a harmonia e o equilíbrio coletivos. Mas é possível estar diante desta transição de forma inteligente, como colaborador de fluidos superiores, vacinando nossos pensamentos, atitudes e emoções contra tensão e conflitos. Quando se entra nessa maré de estupidez, como num software craqueado, sem confiabilidade por  estar corrompido em sua essência, ficamos impacíveis de evolução por estar impedido das atualizações importantes para a solução de erros.
O primeiro passo é tomar consciência de que no próprio ser há um núcleo que está acima dos pensamentos normais e das emoções, um núcleo de harmonia estável, que não se deixa abalar por nenhuma situação externa. Trata-se de aspirar ao contato e à identificação com esse núcleo.
O segundo passo é o de aprender a frear a mente para impedir sua tendência a se envolver com os estímulos desarmonizadores que recebe. Esses dois passos - o do reconhecimento do núcleo de paz interior e o do controle da mente - são fundamentais. Ante qualquer situação conflituosa, esses passos têm grande valor.
Outro passo essencial é o de não deixar que a inércia se implante no ser. A tensão e a depressão enfraquecem o corpo de energias, o chamado corpo etérico que, se estiver desvitalizado, leva a pessoa à apatia. É indispensável o correto uso da vontade e a realização de atividades evolutivas. Pessoas que estejam passando pelo assédio de forças psíquicas desordenadas ou que tenham sido abaladas por algum choque ou perda não deveriam isolar-se, nem confirmar esse estado, mas, sim, ir ao encontro de atividades que possam beneficiar os demais.
A higiene, a ordem e a harmonia em si próprio e no ambiente são mais importantes do que se pensa, pois evitam o ingresso em estados de caos. Mantê-las é uma espécie de medida preventiva, profilática, que não deve faltar, dado que as forças conflituosas dos níveis psíquicos se sustentam com essas desarmonias. Além disso, diante de instabilidades emocionais ou mentais, o relacionamento com o alimento se desestabiliza: a pessoa tanto pode passar a comer em demasia, na tentativa de compensar a desvitalização - o que não resolve, pois sua causa não é física -, quanto pode perder o apetite, por causa da apatia e do desinteresse pela vida. Em quaisquer circunstâncias, a alimentação simples, sem condimentos excessivos, contribui para a regularização dos ritmos orgânicos.
É também fundamental manter sempre a própria independência quanto às opiniões e às idéias circulantes que, em geral, só confundem; exemplo disso é a ansiedade que se instala em razão da crença de que a saúde do corpo se perde se não se dorme bem. Se a pessoa não consegue dormir, em vez de se deixar levar por essa ansiedade ou pela angústia, deveria usar criativamente o tempo, realizando alguma tarefa útil e assim buscando disciplinar a atividade mental. Quando desordenada, é ela a principal causa de insônia.
Um poderoso auxílio no restabelecimento do equilíbrio é ouvir peças musicais inspiradas. Obras de qualidade elevada são capazes de reorganizar as energias da pessoa e podem ser curativas, tanto quanto uma boa leitura. Essas sugestões são preliminares para viver em paz interior e com sabedoria a época atual. Quando alguém as adota com determinação, pode canalizar e irradiar as energias do porvir num mundo que hoje está desorientado.
Enfim, a fé, a autodisciplina e a ausência de especulações mentais levam ao contato com a vida interior, encontro que não pode ser adiado nos tempos que correm.

José Trigueirinho Netto é escritor, filósofo e membro-fundador do Centro Espiritual Figueira.

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