AI MEU DEUS
Arte de Henri Toulouse-Lautrec
Minha homenagem ao escritor Fabrício Carpinejar
"Ai meu Deus".
A exclamação não surge no mercado, na loja, no trabalho, mas na cama.
No momento em que deveria aceitar o inferno, assobia para Deus, pede para que Ele se aproxime e ainda veja o que estamos fazendo. Muita safadeza para compreender numa noite. Com um simples impulso, a mulher nunca mais volta para si.
É uma contradição saborosa. Um paradoxo trepidante. Como se estivesse rezando para que o prazer não seja tão violento. Para diminuir a excitação. Para frear e doer menos na volúpia.
Nenhum macho tem preparação para se defender desse apelo místico, desse grunhido bíblico, dessa oferenda suspirada no fervor do pecado.
Há um backing vocal mais provocante?
Ao invés de urrar meu nome, ela martela a voz: Deus para cá, Deus para lá. Você se percebe um instrumento. Um transístor. Uma corrente do espírito do santo.
Não é mais sexo, é uma trepada mística. Um triângulo amoroso quase imperceptível.
E se prepare: será uma orgia quando, ao final, ela alternar freneticamente "Ai Meu Deus" com "Ai Meu Jesus".
Eu me converto.
Amor. Amor à sabedoria. Amor ao humor. Amor ao trivial e ao especial. Buscas e encontros de boas práticas para o corpo-físico, corpo-mental, corpo-espiritual, corpo-animal e corpo-divino.
cabeç
10 novembro 2008
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