Amor. Amor à sabedoria. Amor ao humor. Amor ao trivial e ao especial. Buscas e encontros de boas práticas para o corpo-físico, corpo-mental, corpo-espiritual, corpo-animal e corpo-divino.
cabeç
26 janeiro 2008
Amigos (Vinícius de Moraes)
Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles. A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências...A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar. Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro embora não declare e não os procure.
E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida. Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo. Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer... Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber.
17 janeiro 2008
Uma seleção de frases do amigo Peo
"Você é o seu desejo mais profundo. Como é o seu desejo, assim é a sua intenção. Como é a sua intenção, assim é a sua vontade. Como é a sua vontade, assim é o seu destino"
Upanishads, tradição védica
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"Nós não vemos as coisas como são, vemo-as como nós somos."
Talmude, tradição judaica
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"Desconhecemos os desígnios do universo, mas sabemos que raciocinar com lucidez e agir com justiça é ajudar esses desígnios, que não nos serão revelados."
Uma Oração, (in Elogio da Sombra) Jorge Luis Borges
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"Para cultivar o campo, primeiro é preciso arar a terra. Pra costurar uma roupa, primeiro é preciso cortar o linho. Pra fazer o pão, o trigo tem que ser moido no moinho.
O corpo do homem é feito de barro, mas por disciplina e contrição pode ser capaz de refletir verdades espirituais, assim como o ferro bruto pode ser polido até tornar-se um espelho de aço.
Coisas da mesma natureza atraem-se mutuamente, também na mesma intensidade repele-se o que é diferente. Quando um homem santo reza pra ser livrado do inferno, o inferno também suplica para que o santo seja mantido longe dele."
Masnavi, Jalal al-Din Muhammad Rumi
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"O Todo é Mente, o Universo é Mental."
Caibalion, Os Três Iniciados
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"O que está em cima é como o que está em abaixo." (em inglês é mais bonito: "As above, so below")
Caibalion, Os Três Iniciados
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A virtude (...) recebe do ensino a geração e o desenvolvimento, por isso necessita de experiência e tempo; a ética provém do hábito (...) portanto, as virtudes não se geram por natureza ou contra a natureza, mas se geram em nós, nascidos para recebê-las e aperfeiçoando-nos mediante o hábito (...) nós [as] conseguimos pela ação, porque, como nas outras artes, o que é preciso primeiro aprender para fazer algo, nós o aprendemos fazendo-o, tal como nos tornamos construtores construindo, ou tocadores de cítara tocando. Assim também, realizando ações justas ou sábias ou fortes tornamo-nos sábios, justos ou fortes".
Ética a Nicômaco, Aristóteles.
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"O tabuleiro de xadrez é o mundo; as peças são os fenômenos do universo; as regras do jogo, isso que chamamos forças da natureza. O jogador que há ao outro lado permanece oculto dentro de nós."
Ensaios, Thomas Henry Huxley
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Eu assisti Isaias antever a desolação da Babilônia. Eu vi Leônidas perecer diante de Xerxes. Eu vi o apagar do sol e a humanidade voar pra qualquer outro lugar, lugar que há, mas que, enfim, é aqui. Eu vi discos que eram naves tocando melodias celestiais. Vi homens que eram deuses reais. Eu vi um rei cujo topo do cetro possuía uma pedra translúcida com galáxias dentro dela. Mas quando tentei voltar para além de tudo que existe, quando tentei voltar para antes do momento da criação de toda a matéria, meu corpo explodiu em mil pedaços; e o tempo começou a correr.
O argonauta de Chronos
13 janeiro 2008
O JARDIM
Um amigo me disse que o poeta Mallarmé tinha o sonho de escrever um poema de uma palavra só. Ele buscava uma única palavra que contivesse o mundo. T.S. Eliot no seu poema O Rochedo tem um verso que diz que temos "conhecimento de palavras e ignorância da Palavra". A poesia é uma busca da Palavra essencial, a mais profunda, aquela da qual nasce o universo. Eu acho que Deus, ao criar o universo, pensava numa única palavra: Jardim! Jardim é a imagem de beleza, harmonia, amor, felicidade. Se me fosse dado dizer uma última palavra, uma única palavra, Jardim seria a palavra que eu diria.
Depois de uma longa espera consegui, finalmente, plantar o meu jardim. Tive de esperar muito tempo porque jardins precisam de terra para existir. Mas a terra eu não tinha. De meu, eu só tinha o sonho. Sei que é nos sonhos que os jardins existem, antes de existirem do lado de fora. Um jardim é um sonho que virou realidade, revelação de nossa verdade interior escondida, a alma nua se oferecendo ao deleite dos outros, sem vergonha alguma... Mas os sonhos, sendo coisas belas, são coisas fracas. Sozinhos, eles nada podem fazer: pássaros sem asas... São como as canções, que nada são até que alguém as cante; como as sementes, dentro dos pacotinhos, à espera de alguém que as liberte e as plante na terra. Os sonhos viviam dentro de mim. Eram posse minha. Mas a terra não me pertencia.
O terreno ficava ao lado da minha casa, apertada, sem espaço, entre muros. Era baldio, cheio de lixo, mato, espinhos, garrafas quebradas, latas enferrujadas, lugar onde moravam assustadoras ratazanas que, vez por outra, nos visitavam. Quando o sonho apertava eu encostava a escada no muro e ficava espiando.
Eu não acreditava que meu sonho pudesse ser realizado. E até andei procurando uma outra casa para onde me mudar, pois constava que outros tinham planos diferentes para aquele terreno onde viviam os meus sonhos. E se o sonho dos outros se realizasse, eu ficaria como pássaro engaiolado, espremido entre dois muros, condenado à infelicidade.
Mas um dia o inesperado aconteceu. O terreno ficou meu. O meu sonho fez amor com a terra e o jardim nasceu.
Não chamei paisagista. Paisagistas são especialistas em jardins bonitos. Mas não era isto que eu queria. Queria um jardim que falasse. Pois você não sabe que os jardins falam? Quem diz isto é o Guimarães Rosa: "São muitos e milhões de jardins, e todos os jardins se falam. Os pássaros dos ventos do céu - constantes trazem recados. Você ainda não sabe. Sempre à beira do mais belo. Este é o Jardim da Evanira. Pode haver, no mesmo agora, outro, um grande jardim com meninas. Onde uma Meninazinha, banguelinha, brinca de se fazer Fada... Um dia você terá saudades... Vocês, então, saberão..." É preciso ter saudades para saber. Somente quem tem saudades entende os recados dos jardins. Não chamei um paisagista porque, por competente que fosse, ele não podia ouvir os recados que eu ouvia. As saudades dele não eram as saudades minhas. Até que ele poderia fazer um jardim mais bonito que o meu. Paisagistas são especialistas em estética: tomam as cores e as formas e constróem cenários com as plantas no espaço exterior. A natureza revela então a sua exuberância num desperdício que transborda em variações que não se esgotam nunca, em perfumes que penetram o corpo por canais invisíveis, em ruídos de fontes ou folhas... O jardim é um agrado no corpo. Nele a natureza se revela amante... E como é bom!
Mas não era bem isto que eu queria. Queria o jardim dos meus sonhos, aquele que existia dentro de mim como saudade. O que eu buscava não era a estética dos espaços de fora; era a poética dos espaços de dentro. Eu queria fazer ressuscitar o encanto de jardins passados, de felicidades perdidas, de alegrias já idas. Em busca do tempo perdido... Uma pessoa, comentando este meu jeito de ser, escreveu: "Coitado do Rubem! Ficou melancólico. Dele não mais se pode esperar coisa alguma..." Não entendeu. Pois melancolia é justamente o oposto: ficar chorando as alegrias perdidas, num luto permanente, sem a esperança de que elas possam ser de novo criadas. Aceitar como palavra final o veredicto da realidade, do terreno baldio, do deserto. Saudade é a dor que se sente quando se percebe a distância que existe entre o sonho e a realidade. Mais do que isto: é compreender que a felicidade só voltará quando a realidade for transformada pelo sonho, quando o sonho se transformar em realidade. Entendem agora por que um paisagista seria inútil? Para fazer o meu jardim ele teria que ser capaz de sonhar os meus sonhos...
Sonho com um jardim. Todos sonham com um jardim. Em cada corpo, um Paraíso que espera... Nada me horroriza mais que os filmes de ficção científica onde a vida acontece em meio aos metais, à eletrônica, nas naves espaciais que navegam pelos espaços siderais vazios... E fico a me perguntar sobre a perturbação que levou aqueles homens a abandonar as florestas, as fontes, os campos, as praias, as montanhas... Com certeza um demônio qualquer fez com que se esquecessem dos sonhos fundamentais da humanidade. Com certeza seu mundo interior ficou também metálico, eletrônico, sideral e vazio... E com isto, a esperança do Paraíso se perdeu. Pois, como o disse o místico medieval Angelus Silésius:
Se, no teu centro
um Paraíso não puderes encontrar,
não existe chance alguma de, algum dia,
nele entrar.
Este pequeno poema de Cecília Meireles me encanta, é o resumo de uma cosmologia, uma teologia condensada, a revelação do nosso lugar e do nosso destino:
"No mistério do Sem-Fim,
equilibra-se um planeta.
E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro:
no canteiro, urna violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,
entre o planeta e o Sem-Fim,
a asa de urna borboleta."
Metáfora: somos a borboleta. Nosso mundo, destino, um jardim. Resumo de uma utopia. Programa para uma política. Pois política é isto: a arte da jardinagem aplicada ao mundo inteiro. Todo político deveria ser jardineiro. Ou, quem sabe, o contrário: todo jardineiro deveria ser político. Pois existe apenas um programa político digno de consideração. E ele pode ser resumido nas palavras de Bachelard: "O universo tem, para além de todas as misérias, um destino de felicidade. O homem deve reencontrar o Paraíso."
(O retorno eterno, p 65). Rubem Alves.
Me chamo Éden Nilo, e não conquistei ainda o meu jardim. Mas virá um dia em que me tornarei melhor a cada tarde que aguarei as plantas. Fiquei impressionado com o texto, O jardim, do Rubem. Me perguntei por que não o havia lido antes. Já li outras preciosidades deste gênio literário, mas não conhecia essa. Aconselho uma visita ou revisita à sua obra, por aqui. A todos uma boa leitura!
Sentimentos de um pai
"...Lembrei-me dos meus sentimentos antigos de pai, diante dos meus filhos adormecidos. Veio-me à mente a imagem de um "ninho". Bachelard, o pensador mais sensível que conheço, amava os ninhos e escreveu sobre eles. Imaginou que, "para o pássaro, o ninho é indiscutivelmente uma cálida e doce morada. É uma casa de vida: continua a envolver o pássaro que sai do ovo. Para este, o ninho é uma penugem externa antes que a pele nua encontre sua penugem corporal." Era isso que eu queria ser. Eu queria ser ninho para os meus filhos pequenos. Queria que meu corpo fosse um ninho-penugem que os protegesse, um ninho que balança mansamente no galho de uma árvore ao ritmo de uma canção de ninar...
É impossível calcular a importância desses momentos efêmeros na vida de uma criança. É impossível calcular a importância desses momentos efêmeros na vida de um pai. O efêmero e o eterno abraçados num único momento! "Conter o infinito na palma da sua mão e a eternidade em uma hora": o pai que tem o seu filho adormecido nos seus braços é um poeta! Essas palavras do poeta William Blake bem que poderiam ser suas. Um homem que guarda memórias de ninho na sua alma tem de ser um homem bom. Uma criança que guarda memórias de um ninho em sua alma tem de ser calma!
Esse é o destino dos pais: a solidão. Não é solidão de abandono. E nem a solidão de ficar sozinho. É a solidão de ninho que não é mais ninho. E está certo. Os ninhos deixam de ser ninhos porque outros ninhos vão ser construídos. Os filhos partem para construir seus próprios ninhos e é a esses ninhos que eles deverão retornar.
Assim é na natureza. Assim é com os bichos. Deveria ser conosco também. Mas não é. Quem é pai tem o coração fora de lugar, coração que caminha, para sempre, por caminhos fora do seu próprio corpo. Caminha, clandestino, no corpo do filho. Dito pela Adélia: "Pior inferno é ver um filho sofrer sem poder ficar no lugar dele". Dito pelo Vinícius, escrevendo ao filho: "Eu, muitas noites, me debrucei sobre o teu berço e verti sobre teu pequenino corpo adormecido as minhas mais indefesas lágrimas de amor, e pedi a todas as divindades que cravassem na minha carne as farpas feitas para a tua..."
Sei que é inevitável e bom que os filhos deixem de ser crianças e abandonem a proteção do ninho. Eu mesmo sempre os empurrei para fora.
Sei que é inevitável que eles voem em todas as direções como andorinhas adoidadas.
Sei que é inevitável que eles construam seus próprios ninhos e eu fique como o ninho abandonado no alto da palmeira...
Mas, o que eu queria, mesmo, era poder fazê-los de novo dormir no meu colo...
texto de Rubem Alves, 68, professor emérito da UNICAMP, medalha Carlos Gomes de contribuição à cultura, psicanalista, escritor, articulista da Folha de S. Paulo e do Correio Popular de Campinas, autor de mais de 30 livros para adultos e mais de 30 para crianças.
O Diálogo Eterno
O Diálogo Eterno
Por Paulo Mendes Campos
A composição respeita a integridade dos versos de dois poetas, sendo utilizada a Obra Poética, de Cecília Meireles e o Itinerário Poético, de Emílio Moura.
As afinidades do lirismo de ambos emprestam ao diálogo unidade e espontaneidade.
Ele: Porque não te conheci menina?
Ela: Fui morena e magrinha como qualquer polinésia, e comia mamão, e mirava a flor de goiaba. E as lagartixas me espiavam, entre os tijolos e as trepadeiras...
Ele: Porque não te conheci quando ias para o colégio?
Ela: Conservo-te meu sorriso para, quando me encontrares ver que ainda tenho uns ares de aluna do paraíso.
Ele: Teu sorriso é tão puro que te ilumina toda.
Ela: Quero apenas parecer bela.
Ele: Nunca te entendo, tantas te vejo. Qual a que vive, qual a que inventas?
Ela: A vida só é possível reinventada.
Ele: E a vida, que é?
Ela: Ando à procura de espaço para o desenho da vida. Saudosa do que não faço, do que faço arrependida.
Ele: De repente, tudo se torna tão irreal que te sinto invisível.
Ela: Digo-te que podes ficar de olhos fechados sobre o meu peito, porque uma ondulação maternal de onda eterna te levará na exata direção do mundo.
Ele: Tudo em ti é viagem. Viajas até mesmo ao redor de tua inacreditável imobilidade.
Ela: Até em barco navega quem para o mar foi fadada.
Ele: Eis a nossa franqueza: essa necessidade de compreender e de sermos compreendidos, essa febre de ser, esse espanto...
Ela: Agora compreendo o sentido e a ressonância que também trazes de tão longe em tua voz.
Ele: Eu queria que me pertencesses como a cor à luz, como a poesia ao poeta.
Ela: Tenho fases de andar escondida, fases de vir para a rua... Perdição da minha vida! Perdição da vida minha! Tenho fases de ser tua, tenho outras de ser sozinha.
Ele: Tenho medo de mim, de ti, de tudo... Cada gesto que fazes é uma aventura nova que se inicia.
Ela: Nunca eu quisera dizer palavra tão louca...
Ele: Quero-te muito. É como quem recria uma rosa.
Ela: Sou como todas as coisas: e durmo e acordo em tua cabeça, com o andar do dia e da noite, o abrir e o fechar das portas.
Ele: Sonho. És sonho. É tarde, é cedo?
Ela: Quero um dia para chorar. Mas a vida vai tão depressa!
Ele: Ah, ser contraditório, dividido, disperso!
Ela: Somos um ou dois? Às vezes, nenhum. E em seguida, tantos.
Ele: Vieste do Cântico dos Cânticos: "Os teus cabelos são como um rebanho de cabras..."
Ela: Já fui loura, já fui morena, já fui Margarida e beatriz. Já fui Maria e madalena. Só não pude ser como quis.
Ele: Sonho que surges diante de mim como quem desce do Líbano.
Ela: Serás o Rei Salomão? Por isso, em meu corpo vão brotando em mornos canteiros, incenso, mirra, e a canção.
Ele: Fabrico uma esperança como quem apaga algo sujo num muro e ali, rápido, escreve: Futuro.
Ela: Uma palavra caída da montanha dos instantes desmancha todos os mares e une as terras mais distantes.
Ele: É sonho o sonho?
Ela: Nunca existiu sonho tão puro como o da minha timidez.
Ele: Na verdade, eu já te esperava desde o princípio.
Ela: O mar imóvel de teus olhos...
Ele: És linda como a manhã que nasce. Que amor o meu! Olha: até parece que somos eternos, livres e ternos.
Ela: Tu és como o rosto das rosas, diferente em cada pétala.
Ele: E a rosa, a rosa o que será?
Ela: A surda e silenciosa, e cega e bela e interminável rosa.
Ele: Quanto mais nos falamos, mais sinto necessidade de ti. Que nos ficou de tudo o que não fomos?
Ela: Nada sei. De nada. Contemplo.
Ele: Estou diante de ti. Nu e silencioso. Porque não prevaleces deste instante e não me revelas quem sou?
Ela: Ah! Se eu nem sei quem sou...
Ele: para onde vão os teus caminhos? De onde vêm eles?
Ela: Primeiro, foram os verdes e águas e pedras da tarde, e meus sonhos de perder-te e meus sonhos de encontrar-te. Mas depois houve caminhos pelas florestas lunares, e, mortos em meus ouvidos, mares brancos de palavras. E eram flores encarnadas, por cima das folhas verdes. (E entre os espinhos de prata, só meus sonhos de perder-te...).
Ele: Aqui, estou, tímido e humilde.
Ela: Pois aqui estou, cantando.
Ele: Agora que estou diante de ti, já não me pertenço.
Ela: Nossas perguntas e respostas se reconhecem como os olhos dentro dos espelhos. Olhos que choraram.
Ele: Tua presença me invade como a revelação do irreal.
Ela: Conversamos dos dois extremos da noite, como de praias opostas.
Ele: Diante dos meus olhos matinais, as coisas se ordenam simples e perfeitas: o céu, o mar, teu corpo. Ah, o teu corpo!
Ela: Por mais que me procure, antes de tudo ser feito, eu era amor.
Ele: Que tudo o mais é perdido.
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